É uma patologia que consiste numa formação anormal da articulação coxo-femural, com encaixe insuficiente e irregular da cabeça do fémur no acetábulo e/ou degeneração articular e óssea (osteoartrite). Embora haja factores ambientais, tais como alimentação errada, piso escorregadio, excesso de exercício físico, que poderão potenciar o aparecimento e desenvolvimento do problema, a displasia da anca tem uma componente genética e hereditária, sem a qual ela dificilmente surgirá senão em casos excepcionais (acidentes e traumas severos).
É comum nas raças grandes e gigantes, ainda que várias outras, de porte médio, registem números consideráveis de casos. Embora com prevalência inferior à de várias raças populares nas quais não existem exemplares com ancas normais, esta patologia tem também expressão no Cão da Serra da Estrela. A investigação de Doutoramento do Prof. Mário Ginja (UTAD) sobre a DA nesta raça, efectuada entre 2003 e 2008, concluiu que a incidência média no Serra era de grau C (displasia ligeira), embora se registassem também casos de displasia moderada e grave, bem como outros de ancas normais ou quase normais (a classificação utilizada em Portugal é de A a E, representando: A = ancas normais; B = ancas quase normais; C = displasia ligeira; D = displasia moderada; E = displasia grave)
Práticas de criação conscienciosas, com controlo rigoroso e sistemático do problema, tendem a ter bons resultados, da mesma forma que cuidados adequados no crescimento do cachorro poderão evitar o desenvolvimento de displasia ou, pelo menos, o surgimento de sintomas.
O que é a
displasia da anca?
Radiografias das ancas de dois Cães da Serra da Estrela. à esquerda/acima, um exemplar com ancas normais (A); à direita/abaixo, um com displasia moderada/grave (D/E).
Métodos de diagnóstico
O método convencional é uma radiografia efectuada a partir dos 18 meses, sob anestesia geral, com o animal posicionado de costas, sendo os membros esticados. Desde há duas décadas, é utilizado também em Portugal, por alguns veterinários com formação especializada, o método PennHip, que possibilita o despiste precoce, a partir das 16 semanas, e que consiste num conjunto de radiografias em que as ancas são, adicionalmente, posicionadas por forma a poder-se medir o grau máximo de lassidão articular (espaço existente entre a cabeça do fémur e o acetábulo). Este rastreio precoce permite avaliar se o cachorro tem, ou não, tendência para vir a desenvolver displasia, consistindo, por isso, uma ferramenta muito útil para criadores.
Actualmente, uma investigação orientada pelo Prof. Mário Ginja, da UTAD, e ainda em fase experimental, está a desenvolver outro método de despiste, ecográfico, ainda mais precoce (a partir dos 2 meses) e menos invasivo (não requer sedação).
Gostaria de fazer um rastreio precoce de displasia da anca ao seu cachorro/ participar nesta nova investigação?
Onde posso fazer
despistes de displasia da anca?
A Comissão de Saúde da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela recomenda que realize o rastreio da cardiomiopatia dilatada ao seu Serra num dos seguintes CAMV (Centros de Atendimento Médico-Veterinários), com um ortopedista ou radiologista devidamente credenciado:
Hospital da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa
Hospital Veterinário da Universidade Lusófona, Lisboa
Hospital Veterinário do Atlântico, Mafra
Referência Veterinária, Alcabideche
Hospital Veterinário da UTAD, Vila Real
Hospital Referência Veterinária Montenegro, Porto
Radiografia de despiste de lassidão articular (PennHip) com boa conformação bilateral da cabeça do fémur no acetábulo
Todos estes hospitais e clínicas veterinários têm um protocolo com a APCSE, que estabelece um desconto aos sócios da Associação na realização deste rastreio.